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Agora que já contei um pouco do que é, com quem fui e como fui fazer o trekking até o Campo Base do Everest, chegou a hora de contar sobre a aventura em si!

Para iniciar o trekking é necessário voar de Kathmandu até Lukla, a 2.800 metros de altitude, em um vôo de 40 minutos, num avião para 18 pessoas e que aterrisa na famosa pista do aeroporto Tenzing Hillary, que tem pouco mais de 500 metros, fica numa encosta de montanha e é inclinada, para ajudar o avião a frear.

Este aeroporto é muito temido e em algumas listas considerado um dos mais perigosos do mundo, mesmo que se formos pesquisar, apenas um acidente fatal ocorreu ali, em 2008, matando 18 dos 19 passageiros que estavam a bordo. Muito desta fama se deve a localização do aeroporto e ao clima instável na região, que fecha o aeroporto com frequência, pois sem visibilidade é praticamente impossível aterrisar ali, aumentando os riscos consideravelmente. O aeroporto pede visibilidade mínima de 5km para autorizar pousos, o que nem sempre é possível, atrasando ou cancelando diversos vôos em Kathmandu, que foi exatamente o que aconteceu com o nosso grupo.

Normalmente no primeiro dia de trekking se voa até Lukla e dali se caminha até Monjo, a 2.835 metros de altitude.

Mas nós pulamos esta parte! Como contei no último post, as monções atrasaram e o clima não estava como de costume para outubro, com tempo fechado. Depois de ficar 12 horas aguardando no aeroporto de Kathmandu uma chance de voar para Lukla, com os vôos cancelados às 16:00h, nossa chance de voar no outro dia era mínima, já que todos passageiros de vôos cancelados são automaticamente passados pro final da fila do dia seguinte. Quanto mais cedo, mais chances de voar. Não podíamos perder mais um dia.

Pensando nisso, nosso guia conseguiu 3 helicópteros para voarmos logo cedo para Phakding, acima de Lukla, no dia seguinte, não precisando esperar o vôo e nem perdendo um dia do trekking e todas as reservas de lodges e a nossa programação.

Isso saiu mais caro pro nosso bolso, mas com certeza foi a melhor escolha, já que estávamos todos ansiosos para começar o trekking.

Lembrando que isso não é comum e que em 30 anos de experiência como guia, o Manoel teve apenas dois vôos cancelados, e esta foi a primeira vez que teve que chegar ao trekking de helicóptero!

Resumo do que fizemos nos 3 primeiros dias de trekking! Resumo do que fizemos nos 3 primeiros dias de trekking!

Dia 1 – Phakding (2.610m) até Namche Bazaar (3.440m)

Nesse dia acordamos cedo e fomos novamente para o aeroporto de Kathmandu, de onde rapidamente nos dividimos em grupos para pegar os Helicópteros que nos levariam até as montanhas. O vôo, de aproximadamente 45 minutos, é espetacular. É emocionante começar a avistar a cordilheira do Himalaia e estar tão próximo das montanhas!

Chegando em Phakding, animação a mil! Chegando em Phakding, animação a mil!

 

Região de Phakding, repleta de rios, pontes e uma vegetação exuberante

Região de Phakding, repleta de rios, pontes e uma vegetação exuberante

Chegamos a Phakding e assim que juntamos o grupo começamos a nossa caminhada até Namche Bazaar. Normalmente se chega a Namche no segundo dia de caminhada e por isso, este nosso primeiro dia foi longo, com umas 6 horas de caminhada e ganho de 800 metros de altitude! Foi um dia difícil mas que tiramos de letra por conta da empolgação que tomava conta de todos, animados, vendo pela primeira vez a paisagem exuberante, repleta de cachoeiras, rios, pontes suspensas e árvores. Passar pelas pontes, ouvir os sons das cachoeiras e perceber o silêncio é algo muito legal neste primeiro dia.

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Nós passamos por aquela ponte lá no alto!

 

 

 

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Muitas pirambeiras nos aguardavam!

Ainda não conseguimos avistar montanhas neste dia, e chegamos a Namche com tempo bem fechado.

Namche Bazaar é o maior vilarejo do Khumbu e o Bazaar se refere à tradição comercial da cidade e à importância dela historicamente nas trocas entre o Nepal e Tibet.

Namche Bazaar ao fundo

Namche Bazaar ao fundo

 

Atualmente ali existem muitas lojinhas, mercadinhos, lodges, ótimas bakeries (como uma super Apple Crumble ali no fim da viagem, que conto depois) e é sua última chance de comprar algum equipamento esquecido ou algo que esteja faltando para seu trekking, pois existem lojas boas de montanha ali também, com itens originais (North Fakes estão em todo lugar hehehe).

Ali também dormimos em nosso primeiro Lodge, sonhando com a vistas das montanhas e os dias que estavam por vir!

Dia 2 – Namche Bazaar (3.440m) até Thamo (3.400m)

Nesse dia começamos a ver o que era oficialmente estar acordando nas montanhas. A regra era acordar às 6h00, tomar café da manhã às 7h00 e sair às 8h00.

Como dormimos cedo, acordar às 6h00h não fica difícil, ainda mais com os sherpas nos acordando com vários “Bommm diaaaaaaaaa” e chazinho quente, sempre muito animados! No café durante todo o trekking, podíamos escolher o que queríamos comer em um cardápio cheio de opções entre elas Chapati, pão nepalês parecido com um um pão sírio, com ovo e queijo, pão com geleia, panquecas, ovos cozidos, cereais, mingau de aveia, etc.

Saímos animados, e neste dia entraríamos numa parte da trilha fora da rota comum de trekking, que faz um outro vale, passando por Thamo e Khunde, vilarejos quase intocados e que preservam o jeito original de viver nas montanhas.

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Vista do vale, ao fundo!

 

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Mesmo com tempo nublado a floresta aqui é lindíssima!

 

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Nesses rios parávamos para pegar água e descansar pelo caminho!

Neste segundo dia, andamos por umas 5 horas antes de chegar a Thamo e como parte do processo de aclimatação visitamos um pequeno monastério, Laudo Gompa (eles têm site!), a 4.000 metros de altitude, onde vivem apenas um Monge e uma Monja que nos receberam muito bem. O lugar que eles moram tem uma Gompa, local para cerimônias budistas, que foi destruída durante o terremoto de 2015 e que nosso guia, Manoel Morgado, através de campanha para arrecadação de fundos, ajudou a reconstruir. Ali também pudemos conhecer uma caverna onde budistas fazem retiros espirituais que podem levar até 3 meses de isolamento.

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Visitando Laudo Gompa a 4.000 metros! Era friiiiio!

 

O clima ainda não colaborou neste dia e ainda não conseguimos ver as tão esperadas montanhas nevadas do Himalaia!

Dia 3 – Thamo (3.400m) até Khunde (3.840m)

Este dia amanheceu aberto e nos animamos cedo, porém a animação não durou muito já que o tempo fechou novamente e foi um dos dias com mais nevoeiro de toda trilha. Como consequência estava bem frio.

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Acordamos animados em Thamo, mas logo veio a névoa!

 

Vista do Lodge em Thamo

Vista do Lodge em Thamo

Acordamos no mesmo esquema do segundo dia, e o grupo se dividiu em dois. O primeiro e o meu, o grupo menos hardcore, que foi pela trilha normal, almoçando no Lodge de Khunde e fazendo uma caminhada de aclimatação até 4.000 metros. O segundo grupo, e do Paulo, foi por um off road, isso mesmo, por uma pirambeira sem trilha, 800 metros acima, chegando até 4.200 metros no Khunde Peak!

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Chegando em Khunde!

 

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Vilarejo típico das montanhas do Nepal!

 

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Paulo no Khunde Peak, 4.200 metros!

 

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Khunde visto de Khunde Peak!

 

Eu chegando em Khunde!

Eu chegando em Khunde!

Mas chegar em Khunde foi muito legal! O vilarejo é lindo, parece cenário de filme as casinhas, com um monastério na encosta da montanha e de onde ouvíamos os monges fazendo seus pujás.

Dali é possível, quando o tempo está aberto, avistar o Ama Dablam bem de frente e seria o primeiro dia que veríamos o Everest, sem sucesso!

Neste vilarejo também fica o hospital feito por Edmund Hillary em 1966 e hoje mantido pela fundação que leva seu nome.

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Sobre a altitude, fazendo um resumo desses três primeiros dias, onde ganhamos mil metros, posso falar que, apesar de ter que respirar mais e andar mais devagar, eu não senti nenhum sintoma. Nada de dor de cabeça, nem perda do apetite, nem nada. Não é como andar no nível do mar, mas ainda não considero tão exigente fisicamente quanto mais pra cima.

E aí? Curiosos para saber do resto? Logo logo sai post sobre os dias 4, 5 e 6!

Veja aqui os outros posts dessa série:

• Bem vindos ao Trekking até o Campo Base do Everest – A trilha mais bonita do mundo!
• Trekking ao Campo Base do Everest – Dias 4, 5 e 6
• Trekking ao Campo Base do Everest – Dias 7, 8, 9 e 10
• Trekking ao Campo Base do Everest – Retorno e vôo do aeroporto de Lukla
• Trekking ao Campo Base do Everest – Lista completa de equipamentos

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