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Vamos lá?

Resumão dos quatro dias está no mapa abaixo!

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Dia 7 – Dingboche (4.300m) até Dughla (4.600m)

Saímos empolgadíssimos para o sétimo dia de caminhada, com clima bom e céu aberto. Seriam 8,5km de caminhada em algo em torno de 3 horas até Dughla, passando por um platô lindíssimo cercado de montanhas e com casinhas de pastores que criam yaks. O lugar é encantador e a caminhada, mesmo que em altitude, é mais tranquila neste dia!

2016-10-12-dingboche-dughla-awi-peak-24 Casinhas de pastores de Yaks pelo caminho!

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Lindo demais!

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Lodge de Dughla em meio às montanhas!

 

Chegando em Dughla, a 4.600m, saímos para a caminhada de aclimatação até 4.900m. Quem estivesse se sentindo bem poderia subir a 5.200m e fazer um cume himalaiano. Eu não tinha feito todos os extra da viagem, mas estava me sentindo bem e resolvi encarar o desafio. Foi muito difícil chegar, daquelas coisas que você fica se perguntando por que diabos resolveu fazer… A subida, toda de pedras e muitas delas soltas, dava a impressão que poderia escorregar a qualquer momento. Fora a falta de ar. Chorei, mas cheguei, e a sensação foi incrível. O tempo estava com algumas nuvens, como é comum durante a tarde nas montanhas, mas conseguimos ver bem a imensidão do Glaciar do Khumbu lá de cima. Mais um dia lindo se encerrava no Himalaia!
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Os lagos são lindos!

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Meu primeiro cume himalaiano a 5.200 metros, com vista privilegiada do Glaciar do Khumbu!

Dia 8 – Dughla (4.600m) até Lobuche (4.950m)

A paisagem neste dia é algo que não consegue ser representado por fotos. É um dia lindo, onde entramos no coração do Himalaia, rodeados de todas as maiores montanhas do planeta e quando o entorno muda de vez, e a vegetação desaparece. Mas este também foi o dia que a dor de cabeça maldita resolveu me visitar de vez! Já sabia que em altitude isso poderia acontecer e tentei me preservar ao máximo respeitando meus limites e não ficando exausta, para tentar evitá-la. Mas acho que ter ido até 5.200m no dia anterior não foi muito bem recebido pelo meu organismo e tive que seguir viagem mesmo assim e com muita Dipirona!
Já na saída de Dughla, encaramos 300 metros de pirambeira dificílima, onde a cada esforço a mais que eu tentava fazer, a cabeça parecia que ia explodir. Foi o dia que andei mais devagar e com mais dificuldade! No fim da subida, a recompensa! O Memorial dos Sherpas, construído em memória dos sherpas que morreram tentando escalar o Everest. Ali também está o Memorial de Scott Fischer, morto em 1996 durante a maior tragédia ocorrida no Everest e relatada no livro No Ar Rarefeito de John Krakauer, e que mais tarde viraria filme, o Everest que estreou no ano passado.
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O lugar deste memorial é deslumbrante, e a paisagem parece de mentira. Mesmo muito indisposta e com muita dor de cabeça, é impossível passar por ali sem se sentir encantado e inspirado pelo entorno.
Depois do memorial, a trilha é mais tranquila, sem muitas subidas até Lobuche. Porém no estado que eu estava, já não conseguia me divertir muito e nem seguir tranquila. Tive que dar minha mochila para um dos Sherpas carregarem, tomar mais remédios e andar mais devagar.
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Sofrendo com a dor de cabeça e com o sherpa carregando minha mochila! Step by step!

Chegamos a Lobuche, num dos lodges mais legais de toda a trilha. Infelizmente a dor não estava querendo passar, mas para minha sorte a esta altitude as tarefas de casa acabaram, e teríamos do meio dia em diante apenas para descansar e nos recuperar do dia. Minha preocupação maior era piorar e, no dia seguinte, não conseguir chegar ao tão esperado Kala Patthar!
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Entrando no coração do Himalaia!

Dia 9 – Lobuche (4.950m) até Gorak Shep (5.190m)

Apesar de ter acordado me sentindo muito melhor do que no dia anterior, este dia é um dia difícil. Muito difícil.
O apetite começa a sumir e a indisposição a aparecer. Andar rápido é impossível e a trilha até Gorak Shep é um sobe e desce no meio das pedras que parece que não vai acabar nunca mais. Apesar de tudo isso, a paisagem é de tirar ainda mais o fôlego! E saí focada para atingir meu objetivo, que era ver o tão aguardado e falado pôr do sol no Kala Patthar, a 5.550 metros, o ponto mais alto da viagem inteira e de onde poderíamos ter vista mais linda do Everest!
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Pirâmide da Estação Italiana com Pumori atrás!

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Let´s go!

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Lá embaixo, naquele conjunto de lodges é Gorak Shep, a parada mais alta que dormimos!

Acima de 5.000 metros não existe encanamento nem tubulações, que estouram nessa altitude. Portanto, todos os lodges precisam manter a ordem, cozinhar, servir comida, chá, café, sem água encanada. Chegam carregadores e mais carregadores o dia inteiro com bombonas de água e água engarrafada para serem usadas. Como a infra é precária, banho ali é inexistente e dormimos ali por duas noites = sem banho por dois dias! Foram os dois únicos dias que não tomei banho durante a trilha.
Naquele frio e indisposição, eu que achava que me sentiria mal sem banho, confesso que fiquei quase feliz por tomar banho de lencinho umedecido e não ter que entrar num filetinho de água quente passando frio num banheiro fora do quarto`aquela altura.
 No fim, por conta do mau estar e das condições acima desta altitude, classifico Gorak Shep como aquele lugar de um jogo de tabuleiro onde ninguém quer ir, do tipo:”você não bebeu água suficiente, volte duas casas e durma em Gorak Shep por uma noite”
Chegando ali, almoçamos (eu sem nenhuma fome), fomos descansar, para as 15:30h sairmos em direção ao Kala Patthar! Ansiedade a mil! Nos dividimos em 2 grupos. Os mais lentos as 15:30h e os rapidinhos as 16:30h.
Eu fui no grupo mais lento para me poupar, pois depois daquela mega dor de cabeça não poderia descuidar e me exceder.
Subimos por uma hora e meia, 350 metros acima, com muita dificuldade para respirar e cansaço. Acho que foi meu recorde de lentidão.
Dica de ouro:  prepare-se para uma das mais magníficas vistas da sua vida durante este trajeto, mas pense em respeitar seu ritmo nesta subida. Qualquer deslize aqui poderá te penalizar no dia seguinte, dia de Campo Base. 
Quase no Kala Patthar o grupo dos rapidinhos nos alcançou. Chegamos praticamente todos juntos num dos lugares mais fantásticos e grandiosos que já estive. A sensação de chegar a 5.555 metros depois de 10 dias caminhando é fantástica. É muito emocionante e recompensador estar de frente pro Everest depois de 10 dias saindo diariamente da zona de conforto. É realmente um presente, a cereja do bolo da viagem!
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Chegada emocionante!

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últimos raios de sol com a lua já surgindo atrás do Everest!

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Perfeito!

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 Depois dessa vista magnífica voltamos pro lodge com o foco no Campo Base que seria no dia seguinte!

Dia 10 – Dia de Campo Base!

Dormi muito mal nesta noite. Sem apetite algum, com náuseas e ansiosa. O dia de Campo Base, mesmo que numa altitude menor que o dia de Kala Patthar, é bem desgastante mesmo! São 3 horas de caminhada pela Morena Lateral do Glaciar do Khumbu até chegarmos, fora a volta. É um sobe e desce em um relevo desgastante e com muitas pedras. Algumas pessoas do grupo ficaram no lodge neste dia por não estarem se sentindo muito bem e alguns também foram até o último local de onde vemos o Campo Base de longe, mas não efetivamente até lá. Apesar de ofegante e bem cansada, estava sem dor de cabeça e me sentia forte para ir e ter fôlego para voltar. Nesta hora cada um deve fazer esta pergunta: consigo ir e voltar? Pois a volta é longa e neste dia por estarmos no meio do nada, não tem como almoçar nada além dos nossos lanchinhos!
Trilha desafiadora no caminho ao Campo Base!

Trilha desafiadora no caminho ao Campo Base!

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Quase lá!

 

Sobre chegar ao Campo Base? O pior foi a dificuldade em decidir continuar quando o Paulo decidiu ficar. Mas fui por nós dois afinal. Mesmo sem expedições acampando, o lugar tem uma energia incrível! O monte de pedras cheio de bandeirinhas, como li em alguns lugares, não é só isso. É mais. Poder caminhar até as penitentes, no meio do glaciar e ver o gelo azul também é demais. Mas o melhor é estar ali, apenas em meio a natureza, sentindo o ar puro e contemplando a paisagem ao redor que é absurdamente grandiosa. Tudo isso somado aos meses de planejamento, treinos, expectativas, e vários dias de esforço, desapego e muito foco, foi impossível chegar até lá sem me emocionar e conter as lágrimas. Cheguei feliz e realizada por ter completado o tão esperado desafio!
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Cheguei!!

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Pessoal que foi até o fim!

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Gelo azul? Existe sim!

Dali seguiria feliz, por mais 4 dias de caminhada até Lukla!
Fica um vídeo antes de chegarmos ao Campo Base!

Namastê!

Veja aqui os outros posts dessa série:

• Bem vindos ao Trekking até o Campo Base do Everest – A trilha mais bonita do mundo!
• Trekking ao Campo Base do Everest – Dias 1, 2 e 3
• Trekking ao Campo Base do Everest – Dias 4, 5 e 6
• Trekking ao Campo Base do Everest – Retorno e vôo do aeroporto de Lukla
• Trekking ao Campo Base do Everest – Lista completa de equipamentos

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Comentários:

  • 23 de janeiro de 2017

    Uau, que trip sinistra! Quero fazer um dia, mas por enquanto estou tentando conhecer alguns lugares mais clássicos. rsrs

    responder…
  • 10 de outubro de 2017

    Meu deus !!!!!!!!!!!!!! Que emoção!!!! Juro que me emocionei junto contigo lendo esses últimos dias !!! Quanta paisagem maravilhosa num lugar só. Estou super ansiosa. Vou pra índia em Janeiro até março e quero aproveitar uns dias pra ir para o nepal fazer esse trekking, mas ainda não fechei nada.
    Porém quanto mais eu leio mais me emociono e tenho a certeza que será a escolha certa!!!

    Muito fantástico o relato!
    Parabéns!

    Um beijo,
    Cléo

    responder…
  • Bruna Escrich

    23 de outubro de 2017

    Oi Natalia,

    Tudo bom?

    Quero muito fazer o trekking até o Kala Patthar! As execuções são normalmente de 19 dias pelo que pesquisei, andando entre 6 – 8 horas em 1 dia e descansado/ aclimatando no seguinte. Como vc se preparou?
    Obrigada!
    Namaste ????????

    responder…
  • 25 de novembro de 2017

    Boa noite! Eu e minha esposa estamos chegando em Kathmandu diA 22 de ABRIL 2018. Hoje já não consegui passagem para Lukla. Tem alguma sugestão de empresa que faz esse vôo, quanto vc pagou pelo helicóptero.

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  • Renato Bodanese

    6 de janeiro de 2018

    Oi Natália, excelente post! Estou indo pra lá agora no início de março e todos os seus relatos foram extremamente úteis. O seu post explicando os equipamentos necessários tb foi muito show. Um forte abraço.

    responder…
  • 15 de novembro de 2018

    Oi excelente exposição PARABÉNS, viajei com VOCÊS.
    Bem gostaria de saber se Vc encontrou pessoas com idade de 70 anos?
    Faço trilhas , caminho diariamente , etc
    Meu grupo vai fazer o roteiro que vc fez e me convidaram para ir também.
    Não gosto muito do frio e isto me preocupa, é suportável, qual a média.
    Bem diga algo para me encorajar. GRATIDÃO

    responder…
  • Francisco Jorge Pinheiro

    27 de setembro de 2019

    Bom Dia, Natália,

    muito bom o vídeo sobre o material necessário p/o trekking do campo base do Everest.
    Gostaria de saber se você já fazia trekking, tipo : Travessia Petrópolis – Teresópolis, Serra Fina,
    circuitos W e O em Torres del Paine ou de duração maior ?
    Caso não, fez algum treinamento específico ?
    Daria alguma sugestão nesse sentido ?

    Obrigado
    Francisco Jorge

    responder…
  • Francisco Jorge Pinheiro

    13 de outubro de 2019

    Oi Natalia, Boa Tarde,

    por aqui vai tudo lindo !!!!
    Valeu pelas informações, principalmente pelo treino indoor nas escadas !!!!
    Parabéns por ter encarado esse trek sem nunca ter feito um, principalmente pela altitude,
    já fiz várias vezes a Travessia Petropolis – Têre, e a trilha Salkantay e sei que não é Disneylândia.
    Moro no Rio, venho do surf, maratonas, triatlo, e há alguns anos “descobri” o trekking.

    Pretendo realizá-lo em abril/20 pela agência “Gente de Montanha”.
    Mais uma vez “thank you”.

    Beijão
    Francisco Jorge

    responder…

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